Dra. Bianca Bocchi

Você sofre com cólicas intensas, fluxo menstrual aumentado, dor pélvica constante ou dificuldade para engravidar? Esses podem ser sinais de adenomiose, uma condição ginecológica comum, mas pouco falada. Neste artigo, você vai entender o que é adenomiose, por que ela acontece, como é diagnosticada e quais as opções de tratamento. 

O que é adenomiose? 

A adenomiose é uma condição benigna do útero em que glândulas endometriais (tecido semelhante ao que reveste o útero internamente) invadem a camada muscular do útero, chamada miométrio

Ou seja, o tecido que deveria estar apenas na parte interna do útero acaba crescendo dentro da parede uterina, provocando dor, sangramento e outros sintomas.

Útero com adenomiose
Útero normal Útero com adenomiose

Origem da adenomiose (de forma simples) 

Durante o ciclo menstrual normal, o endométrio se desenvolve e descama, resultando na menstruação.  Na adenomiose, esse tecido endometrial que está “fora do lugar” (infiltrando a musculatura do próprio útero) também responde aos hormônios do ciclo menstrual, incha, sangra e inflama dentro do músculo uterino, causando: 

Aumento do volume uterino

  • Espessamento do miométrio 
  • Micro-hemorragias internas 
  • Processo inflamatório crônico 

Com o passar do tempo, essa inflamação gera menstruações mais volumosas e frequentes, dor, desconforto pélvico contínuo e dificuldade para engravidar. 

A adenomiose pode ser classificada de acordo com sua localização e extensão: 

  • Adenomiose difusa: o tecido endometrial está espalhado por toda a parede uterina. 
  • Adenomiose focal (adenomioma): o tecido está concentrado em uma área específica, formando um nódulo. 
adenomiose focal
adenomiose difusa
adenomioma
Útero normal e Úteros com diferentes tipos de adenomiose

Epidemiologia 

  • A adenomiose acomete principalmente mulheres entre 30 e 50 anos
  • É mais comum em mulheres que já tiveram filhos, mas também pode ocorrer em quem ainda não engravidou. 
  • Está frequentemente associada a miomas uterinos e, principalmente, endometriose

Estudos estimam que cerca de 20% a 35% das mulheres em idade fértil possam ter adenomiose, muitas vezes sem diagnóstico. 

Principais sintomas

  • Cólicas menstruais intensas 
  • Sangramento menstrual aumentado em volume e frequência 
  • Dor pélvica constante 
  • Sensação de peso no baixo ventre 
  • Dor durante a relação sexual 
  • Infertilidade 

Atenção: em algumas mulheres, a adenomiose é silenciosa e só é evidente em exames. 

menstruação volumosa adenomiose

Exames para diagnóstico

O diagnóstico da adenomiose pode ser desafiador, pois se confunde com outras causas, mas alguns exames ajudam muito: 

  • Ultrassonografia transvaginal (de preferência, com preparo intestinal para mapeamento de endometriose) – visualiza alterações nas camadas de tecidos glandular e muscular do útero (endométrio e miométrio). 
  • Ressonância magnética da pelve – considerado o exame mais preciso para confirmar a adenomiose. Visualiza com precisão e até com medidas de infiltração do endométrio no miométrio. 
  • Avaliação clínica ginecológica – história detalhada e exame físico são fundamentais. 

Tratamentos possíveis 

Tratamento clínico (sem cirurgia): 

Indicado para mulheres que ainda desejam engravidar ou têm sintomas leves/moderados. 

  • Anticoncepcionais hormonais (combinados ou apenas progesterona) – regulam o ciclo e controlam os sintomas 
  • DIU com levonorgestrel (Mirena) – reduz sangramento e alivia dor 
  • Análogos do GnRH – bloqueiam o estímulo hormonal, usados em casos mais graves e em pacientes que desejam engravidar 
  • Antiinflamatórios e analgésicos – para alívio de sintomas pontuais, como as cólicas e dores pélvicas  

Tratamento cirúrgico:

  • Cirurgias conservadoras: adenomiomectomia (laparoscopia / histeroscopia): retiram apenas a região do útero acometida pela adenomiose. Para casos de doença focal e quando há desejo de preservar o útero 
  • Histerectomia (retirada do útero): recomendada em casos graves, que não respondem ao tratamento clínico com medicação, principalmente em mulheres que não desejam mais engravidar 

A adenomiose tem cura?

A única cura definitiva é a histerectomia, isto é, realizar cirurgia para a retirada do útero. Porém, muitos casos são controlados com tratamento hormonal, com grande melhora na qualidade de vida. O mais importante é um acompanhamento ginecológico adequado e individualizado. 

Conclusão

A adenomiose é uma condição ginecológica comum que merece atenção. Cólicas muito fortes e fluxo intenso não são normais. Se você tem esses sintomas, procure um ginecologista de confiança especializado em adenomiose. 

Entender a adenomiose é o primeiro passo para iniciarmos o tratamento específico e melhorar sua qualidade de vida. Consultar um médico ginecologista especializado é fundamental para receber orientação personalizada, ter o tratamento adequado para seu caso e garantir a saúde do seu sistema reprodutivo. Não hesite em buscar ajuda, cuidar do seu bem-estar e compartilhar suas preocupações com sua médica para encontrar as respostas que você merece!  

Dra. Bianca Bocchi é ginecologista e especialista em adenomiose. Agende uma consulta para ter avaliação individualizada, investigação integral sobre seu caso e receber e tratamento específico.  

Dra. Bianca Bocchi especialista em adenomiose
Dra.Bianca Bocchi –
ginecologista especialista em adenomiose

Saiba mais: 

Ministério da Saúde

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:Bianca Passaro Assumpção Bocchi – Doctoralia.com.br

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