Você fez um exame de Papanicolau ou colposcopia e encontrou os termos NIC 1, NIC 2 ou NIC 3? Embora essas siglas possam assustar, elas não indicam câncer, mas sim alterações nas células do colo do útero que precisam ser avaliadas com cuidado, pois, se nada for feito, podem vir a evoluir a câncer de colo de útero.
Neste artigo, você vai entender de forma clara o que significam essas lesões, como elas se formam, suas diferenças e os tratamentos indicados.
O que é NIC?
NIC significa Neoplasia Intraepitelial Cervical, uma alteração nas células que revestem o colo do útero, geralmente causada pela infecção persistente por tipos de HPV oncogênicos (com potencial para provocar câncer).
Essas lesões são classificadas conforme a profundidade e gravidade da alteração celular:
- NIC 1: lesão de baixo grau, limitada à camada mais peofunda do epitélio.
- NIC 2: lesão de grau moderado, atinge até 2/3 do epitélio.
- NIC 3: lesão de alto grau, acomete quase toda a espessura do epitélio cervical.
Fisiopatologia (explicada de forma simples)
- O HPV penetra nas células da mucosa do colo do útero, geralmente durante relações sexuais.
- Em muitos casos, o sistema imune elimina o vírus sozinho.
- Quando a infecção persiste, ela pode alterar o DNA das células cervicais.
- Essas alterações podem gerar uma proliferação anormal de células, formando as lesões NIC.
Quanto maior o grau da NIC, maior o risco de evolução para câncer de colo do útero — por isso, o acompanhamento é fundamental.
Classificação das lesões NIC
Classificação | Descrição | Risco de progressão para câncer | Conduta |
NIC 1 | Lesão leve, afeta só a camada profunda | Baixo (maioria regride espontaneamente) | Acompanhamento com exames |
NIC 2 | Lesão moderada, afeta até 2/3 da espessura do epitélio | Risco intermediário | Pode ser acompanhada ou tratada com cirurgia |
NIC 3 | Lesão grave, acomete toda a espessura do epitélio | Alto | Geralmente indicado tratamento cirúrgico |
Epidemiologia
- A infecção pelo HPV é muito comum: estima-se que 80% das mulheres entrarão em contato com o vírus ao longo da vida.
- A maioria das lesões NIC aparece entre 25 e 40 anos.
- A maioria das lesões NIC regridem espontaneamente, principalmente se antes dos 30 anos de idade.
- O câncer de colo do útero ocorre principalmente em mulheres que não fizeram exames preventivos com regularidade, pois as lesões pré-câncer são tratáveis
Sintomas das lesões NIC
Em geral, as lesões NIC não causam sintomas. São alterações silenciosas, detectadas apenas por meio de exames ginecológicos de rotina.
Sintomas como sangramento vaginal fora do período menstrual, dor durante o sexo ou corrimento anormal podem surgir em estágios mais avançados, como no câncer de colo do útero.
Exames para diagnóstico
Papanicolaou (colpocitologia oncótica): rastreia e identifica alterações celulares iniciais.
Colposcopia: exame com lente de aumento para observar o colo do úterocom mais precisão, podendo-se fazer bióspia do colo uterino em caso de suspeita de lesão.
Biópsia cervical (colo do útero) coleta de uma amostra do tecido para confirmação do grau da lesão.
Teste de HPV (PCR): identifica os tipos de HPV de alto risco que podem estar causando a lesão suspeita.
Tratamento das lesões NIC
O tratamento depende do grau da lesão, idade da paciente, desejo reprodutivo e histórico clínico:
🔹 NIC 1 (baixo grau)
- Conduta: observação e acompanhamento
- Repetir exames (Papanicolaou e colposcopia) a cada 6 a 12 meses
- A maioria das lesões regredirá espontaneamente em até 2 anos
🔹 NIC 2 (grau moderado)
- Pode ser acompanhada ou tratada, dependendo da idade e histórico da paciente
- Em mulheres jovens (menos de 25 anos), muitas vezes se opta por observar antes de intervir
- Tratamento com procedimentos como exérese da zona de transformação (conização) pode ser indicado
🔹 NIC 3 (alto grau)
- Tratamento cirúrgico geralmente é recomendado
- Técnicas como conização ou CAF / LEEP (cirurgia de alta frequência)
- A meta é remover completamente as células alteradas para prevenir evolução para câncer
E depois do tratamento?
Após a retirada da lesão, é fundamental manter o acompanhamento regular com o ginecologista, pois o HPV pode permanecer no organismo e causar recidiva. Normalmente repete-se colpocitologia oncótica e colposcopia a cada 4-6 meses, a depender do caso e gravidade.
Conclusão
As lesões NIC representam estágios precoces de alterações cervicais causadas pelo HPV. Elas não são câncer, mas exigem atenção para evitar sua evolução.
NIC 1 costuma regredir espontaneamente.
NIC 2 e 3 podem progredir e exigem maior vigilância e, muitas vezes, tratamento.
Dra. Bianca Bocchi é ginecologista e especialista em NICs. Agende uma consulta para ter avaliação individualizada, investigação integral sobre seu caso e receber e tratamento específico.
ginecologista especialista em NICs
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